ÍNDIA NA JANELA
Não vai se juntar a mim de novo para me desmontar e, depois, eu ter que juntar meus cacos. Perturbou-me a mente por anos, colocando-me numa prisão, e a única vontade que eu tinha era de chorar, olhando pela janela, a sua falta.
Dizia, assim, a Índia, chorando com seus cabelos pretos, finos e longos, com uma tiara feita de flores. Choroooooou rios de águas que talvez o Rio Tocantins todo não coubesse.
O Europeu, cabelos loiros, olhos azuis, cores quase como o Rio Azuis, dançava e rebolava nos sentimentos da pobre criatura que um dia foi inocente. Às vezes, chorava por causar dor nela, só que os seus rios eram mais voltados para si e pequenos. Os da Índia eram algo que ela queria, mas não alcançava, e se tornavam looooongos, desaguando na vastidão do mar.
Mas, até hoje, chora. Chora por ainda não ter se encontrado, se rebelado para o mundo como ela. Se desmontou, viveu por ele. Hoje, se reconstrói. Junta seus cacos que, por essa ilusão, um dia foram perdidos na vastidão do mar.
Mar Ciano
Enviado por Mar Ciano em 07/12/2024
Alterado em 07/12/2024